Plantaram um girassol no gramado em frente ao prédio onde trabalho. Gosto muito de girassóis. Uma planta que consegue acompanhar o brilho do sol com o mesmo fascínio que uma borboleta ou beija-flor se encanta pelas rosas, margaridas e jasmins...Sempre o admiro por isso.
No primeiro dia de plantado ele esta vá lá de rosto virado para o sol da manhã. No fim do expediente continuava olhando para o sol... e foi assim mesmo nos dois dias seguintes. Porém no terceiro dia, logo pela manhã, ao chegar ao trabalho, percebi que ele já não olhava para o céu em direção ao sol. Olhava meio cabisbaixo em direção à avenida em frente ao prédio. No fim tarde deste mesmo dia, ainda mais cabisbaixo olhava em direção a porta de saída. Parecia-me que procurava alguém.
No quarto dia já olhava diretamente para o chão todo curvado. Aquele esplendoroso ser me deixava triste quando via o todo cabisbaixo olhando para a grama crescer.
Na semana seguinte, segunda-feira, já olhava inteiramente para a grama. Não levantava o rosto. Já não se importava com o sol. Foi quando senti a sua imensa solidão. Plantaram-no sozinho no gramado. Sem nenhuma flor para lhe fazer compania, pouco lhe importava a beleza do sol. Não tinha nada e nem ninguém para compartilhar o que sentia naqueles dias de verão.
Se pelo menos Ele olhasse para o céu viria algo diferente. Eu sei que Ela olha para Ele agora ou daqui a pouco. Ela ouve o barulho da avenida, e vai em direção à janela. A minha grande esperança é que Ele pare de olhar para o verde da grama e comece a olhar para Ela...para o alto do prédio...para o segundo Sol.
A Flor trancada na sala fria, e que por detrás da janela de vidros espelhados Ela olha para Ele. E se Ele levantasse a cabeça e olhasse para o vidro da janela, perceberia o reflexo do sol. Um segundo sol. A luz de seus olhos que ilumina o meu coração e dez mil outros girassóis.
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