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quinta-feira, 16 de abril de 2009

A pior distância é aquela que se mede por apenas um abraço...




Era Uma Vez

Uma Lua que nasceu de dia
Um poeta que bebeu perfume
Um gota que secou na pia
Uma estrela que era vagalume
Uma fruta que ficou madura
Um cavalo que dormiu de quatro
Um covarde que partiu pra luta
Um Deus que cometeu pecado

Era uma vez...
Era uma vez...
Que é, que é, que é, que era uma vez

Um segredo que ninguém sabia
Uma onda que morreu na praia
Um problema que não existia
Uma estrela quando o dia raia
Uma roupa que saiu de moda
Um camelo que sentia sede
E um sonho que já não importa
Uma pedra que virou parede

Fugiu de casa muito cedo
O trem levou pra muito longe
Uma nuvem que pousou na Terra
Um amigo que virou amante
Uma cena que saiu da tela
Um vida que seguiu adiante

Era uma vez...
Era uma vez...
Que é, que é, que é, que era uma vez

Titãs

terça-feira, 14 de abril de 2009

Lopes: o palhaço mais triste do Circo Encantado


Lopes puxa o seu burro-sem-rabo durante a madrugada. O silêncio intercalado pelos ruídos dos carros se misturam e invadem a sua mente.

Olha nas ruas e percebe os moradores de ruas, alguns são amigos seus. A rua é fria nestas manhãs. O frio galopa por suas pernas e segue em direção a sua coluna se perdendo num suspiro de saudades de não sabe o que.

Encosta a carrocinha na calça, senta-se no chão e, de súbito, lembra o seu tempo de criança no interior de Pernambuco.

Família humilde, 12 irmãos dos quais 4 não vingaram, morreram ainda anjinhos. O que o pai tinha de rude e áspero a mãe tinha de doce e compreensiva.

Aos 12 anos falou para o pai que tinha o sonho ser ator e escritor. Tão rápido desfez o sonho quanto ganhou o tapa que no rosto.

“ – Filho meu tem quer ser homem. E trabalhar trabalho de homem. Estudar e ser ator são pra filho de Doutor. Vai já pra roça e traga o nosso sustento e deixa de bobeira!”

E Lopes foi...carregando a fúria em seu peito de não saber por que tinha levado uma tapa. Foi trabalhar no roçado. Trabalhou tanto que as suas mãos se fizeram carne viva. Mas o ódio que sentiu com a atitude do pai adormeceu as suas mãos. E dormente ficou o seu coração. Naquele dia trabalhou ate que o sangue pintasse o cambo da enxada. E trabalhou ate os machucados virassem calos e os calos tornassem a sangrar. E assim se seguiram os dias.

Tamanha eram a raiva e a tristeza de Lopes que nem o carinho da mãe o curava do que estava sentimento.

E os anos passaram...quatro invernos de trabalho forçado. Sempre prisioneiro de um mundo que não era o seu. Sozinho arou todo o terreno, pintou a casa, fez toda a cerca e cavou o posso. Cheio de palavras sufocas estava o seu pequeno caderninho que guardava a sete chaves.

Para sua sorte ou azar apareceu um circo mambembe na cidadezinha onde morava. Foi quando conheceu Adriana. Ajudante de mágico e trapezista. Só a viu uma vez. Mas foi o suficiente para ele largar tudo e ir atrás do circo.

domingo, 12 de abril de 2009

Cadernos de Antonio



Para Madaleine


No fim tudo perdeu o sentido,

Tudo que antes era certeza;

Se tornou turvo pela indecisão.

Falo de um tempo que sonhava com teu olhar.

Que ficava te esperando horas sem fim,

Só para te entregar uma flor,

Que colhi no caminho.

Agora a beira do abismo

Sinto algo que não foi completo.

Nem tão intenso como o meu coração queria

A amante transformada no amado

Só existiu em meu coração.

Hoje o tempo corre,

Corre moto, carro, avião.

eu parado na imensidão.

Não sabia que minha mente era tão sem fim.

Fico perdido em todos os labirintos

Criados por mim.

E assim vou seguindo...

Procurando a amada perfeita.

Deixando o meu amor pelo caminho.

Perdido em ilusão.


De Antonio

sábado, 11 de abril de 2009

Onde eu estou não é onde o meu coração quer estar...


Ela une todas as coisas

Ela une todas as coisas
como eu poderia explicar
um doce mistério de rio
com a transparência de um mar ?

Ela une todas as coisas
quantos elementos vão lá Â…
sentimento fundo de água
com toda leveza do ar

Ela está em todas as coisas
até no vazio que me dá
quando vejo a tarde cair
e ela não está

Talvez ela saiba de cor
tudo que eu preciso sentir
Pedra preciosa de olhar !
Ela só precisa existir
para me completar

Ela une o mar
com o meu olhar
Ela só precisa existir
pra me completar

Ela une as quatro estações
Une dois caminhos num só
Sempre que eu me vejo perdido
une amigos ao meu redor

Ela está em todas as coisas
até no vazio que me dá
quando vejo a tarde cair
e ela não está

Talvez ela saiba de cor
tudo que eu preciso sentir
Pedra preciosa de olhar !
Ela só precisa existir
para me completar

Ela une o mar
com o meu olhar
Ela só precisa existir
pra me completar

Une o meu viver
com o seu viver
Ela só precisa existir
para me completar


Jorge Vercilo