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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Dois pães com ovo, um suco de laranja, uma média e um bocado de saudade...


 
Lembro quando ainda jogava futebol no campinho "toca-da-raposa" lá perto casa. Como diriam "long, long, time..." Bons tempos aqueles. Tempos de revoadas de tanajuras, de lanternas feitas com vela e latas de leite em pó, de futebol descalço na chuva. 

Ainda lembro-me daquela menina que olhava da janela os meninos jogarem bola. 

O campinho ficava submerso nas chuvas de final de verão. O dia parecia ter 24 dias...e mais um por de sol anunciava o fim das férias escolares.

A menina na janela não me saia da memória. De olhos doces, cabelos lisos e compridos, de um sorriso que faria qualquer um de nós, meninos, virar herois, gladiadores, piratas ou lutadores de telequete ( este era o nome que davam as lutas livres na televisão). 

Àquela menina era ao mesmo tempo linda e enigmática. Só a viamos nos períodos de férias de final de ano. E foram só dois finais de ano. Ela passava este tempo na casa da avó. Uma senhorinha muito simpática, mas que se tranformava em um monstro quando a bola fugia para a sua casa em direção do telhado ou do jardim, meticusamente cuidado. 

Depois que a senhorinha se mudou... e não vi mais aquela menina. 

Quando a gente é moleque, a vida se mostra em sua forma mais intensa. Cada brincadeira se transforma em um mundo inteiro construido. Cheio de conquistas e lutas...quedas, sustos, choros e depois  o sorriso como se nada tivesse acontecido. 

Nossas brigas duravam o tempo da próxima brincadeira. Depois ficavamos amigos para sempre. Tempos de amores e juras eternas firmadas com chiclete ping pong, bala 7belo e pirulito Zorro.

E a menina que olhava os meninos jogando bola em pela chuva de verão no finalzinho da tarde, talvez, não existisse realmente. Quem sabe foi o resquicio de uma fantasia que a memoria se apossou como verdade. Mas a menina ficou na memória. Tão real quanto o brilho do sol que faz os olhos fecharem . Como o vento que refresca o calor.

Neste finalzinho  de tarde percebi que àquela menina da janela era real. E depois de muitos verões e chuvas e janelas...quando olho as janelas das meninas dos seus olhos, sinto que ela sempre esteve ai. Mais perto do que eu imaginava.

Continuo te olhando...a chuva cai intensamente...seguro a bola de futebol...e continuo olhando-te, para que o mundo inteiro seja do jeito que a gente sonhe...

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Por engano





Dia destes, mandei um sms por engano para um amigo e a história rendeu...
Duas horas depois este meu amigo me mandou um e-mail dizendo que sua namorada (minha amiga também) havia lido a mensagem eu não tinha gostado nada de ter visto aquilo no celular dele. A situação ficou mais complicada por não saber quem havia escrito.

Então ele me chamou para desenrolar esta confusão, já que quem havia começado a enrolar o fato fui eu.

Encontrei o casal em um bar. A namora foi logo me interrogando, repetindo, paulatinamente, cada palavra que escrevi, e era mais ou menos assim:

“Sabe qual é a minha primeira-grande sorte? Foi a de nascer na Terra. Imagina procurar entre [milhões] as estrelas do universo uma com o mesmo brilho no olhar que você. Bjs. Bom dia!”.

Não sei se por sorte ou por azar, não coloquei para a quem seria destinada a mensagem. Isso causou um certo mal estar, pelo menos por minha parte. Depois da leitura o clima estava muito estanho. Passaram-se alguns segundos de um silencio tenso e logo em seguida o casal caiu em gargalhadas na minha frente. E eu fiquei com aquela cara de “não sei se ria” ou ficava como estava, espantado.

Na verdade os dois quiseram tirar uma comigo.  Tudo foi meticulosamente armado para me deixar sem-graça. Confesso que no inicio foi assim mesmo que fiquei...rsrs

Começaram a me interrogar para saber para quem era aquela mensagem. Eu falei que foi para uma pessoa que valia a pena...insistiram...insistiram muito....

Não quis falar porque eu sei como são estes meus amigos...rsrs
Certamente procurariam saber quem seria a pessoa, idade, endereço, CPF, RG  e quem sabe ate fazer a mesma coisa que fizeram comigo.

E continuaram a perguntar.

Eu respirei fundo e disse de uma vez só...

“Essa mensagem foi para alguém que valer a pena escrever uma enciclopédia de palavras bonitas, só para ver o seu sorriso”.
Alguém que me faria trocar um oásis em pleno deserto por sua companhia.
Alguém que a maior certeza que me dá, é simplesmente, não ter mais certeza de nada quando ouço a sua voz."

Eles caminharam em minha direção e me abraçaram... o silêncio preencheu o resto.

Bom...acho que foi assim que aconteceu...quem não acredita que conte melhor...essa história...rsrsrs