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domingo, 22 de novembro de 2009

Borboletas Amarelas


"Podes ser somente uma pessoa para o mundo, mas para alguma pessoa tu és o mundo" Gabriel Garcia Marquez


Ontem tive um sonho. E você estava linda nele. Dançava em meio a um campo repleto de flores multicoloridas e acompanhada de pequenas borboletas amarelas. Não sei se você sabe dançar ou se alguma vez você dançou daquele jeito, mas no sonho você estava simplesmente encantadora.

Seu cabelo estava ornado por com flores amarelas e se movia como aquelas gravações em super velocidade. Percebia o movimento em detalhe de cada mecha de seu cabelo refletido ao sol. Cada olhar, cada movimento dos lábios, da boca, das mãos, das pernas... o corpo interpretava o vento como se a harmonia de uma orquestra lhe guiasse pelo espaço. Algumas vezes te via em panorâmica em outras vezes te via em close, em detalhes. O vestido se fazia extensão de seu corpo e parte do vento.

As borboletas te acompanhavam naquela dança sinuosa e o sol se envergonhou por tamanha beleza. A ponto dos gira-sois virarem de costas para o sol, quase poente, e te admirarem em verso e poesia.

Não ouvia nada a não ser o som suave da brisa do seu cheiro misturado ao das flores da primavera, do bater de asas das borboletas e do pulsar de seu coração. A combinação destes elementos foi melodia mais profunda e inspiradora que já ouvi.

A outra parte do sonho vou te contar pessoalmente....

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Vitória

Ainda de olhos abertos aquele pequeno corpo cai lentamente e repousa no chão. Ele fica paralisado ao ver os olhinhos dela se fecharem como se fosse a hora de criança esta na cama. A culpa o congela e ele permanece parado no beco. Larga a pistola cromada ao chão. Se desfaz do fuzil pendurado no ombro e a mochila carregada de granadas, drogas e um desenho de sua filhinha despenca de suas costas. Um tiro rasga lhe o braço esquerdo e ele permanece imóvel. Outro tiro, agora de fogo amigo, transpassa e estraçalha o ombro direito . O sangue escorre como cachoeira. Seguem mais um tiro que lhe arranca a orelha e outro que desintegra a rótula e ele cai de joelhos. Como um tronco de árvore caído da floresta, ele não esboça nem uma reação. Nem dor. Nem medo. O tiro fatal lhe atinge as costa e se aloja no pulmão esquerdo ao lado do coração. Tomba ao lado do pequeno corpo. Sente falta de ar. Tenta respirar. Não consegue. Desiste. Antes das ultimas batidas do coração uma lágrima cai do olho. Os pensamentos todos vem com um bloco. A sua vida inteira passa por sua mente no tempo de uma batida de coração. E a culpa lhe apaga a luz. Leva lhe a vida. Não sabe que o responsável por aquilo não foi ele. Nem sabe o tenente recem-formado que atirou por medo naquele pequeno ser que tinha o mesmo nome de sua filha e da filha dele. Vitória.