Páginas

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Fragmentos de Sentido




Dia destes fui apresentado, por alguém muito especial, a uma exposição que tinha o vídeo como matéria-prima. Antes de dar  informações mais objetivas sobre a exposição, tentarei explicar o que é inexplicável, as sensações que tive. Quando perguntei o que teria em tal exposição, fui informado que não tinha o que explicar. Só que tinha sido uma experiência muito boa participar do evento. Fiquei encantado com o brilho no olhar quando falou que era uma exposição muito boa. Disse-me que: “Na vida, agente vê que algumas coisas são ruins e outras são boas. Esta é muito boa”.Entendi a linguagem subliminar do que havia me dito e resolvi participar da exposição. É isso mesmo, participar. Muito além da interatividade da gente tocar os objetos ou decidir o final de um filme, existia uma meta-interação ao participar do que era exposto. Brincar com sentidos e significados; luz e sombra; som e ruído; movimento e paralisia.
Depois do argumento utilizado fui participar do evento. Eu fui convencido (até parece que eu não iria) a entrar na fila. Foram aguardados uns dez minutos em frente a uma cúpula inflável. Parecida com aquelas piscinas de bolas para crianças. O que diferenciava era o formato de observatório astronômico e que a cúpula não era transparente igual às piscinas que as crianças adoram. Mas aguardando a minha vez eu me senti como criança esperando a vez de entrar em mais uma aventura. Fiquei mais ansioso por que tinha a possibilidade de eu não entrar sozinho.
A fila anda e na minha vez sou impedido de entrar, pois já tinha ultrapassado o limite de dez indivíduos por vez. Ainda não tinha sido daquela vez que eu entraria naquilo que era “muito bom”. Também fiquei meio triste, pois existia a possibilidade de participar sozinho da exposição. Eu não queria participar sozinho mesmo entrando com outros nove indivíduos. Porém entenderia muito bem se isso acontecesse. Afinal já estava a beira da rampa para saltar de asa delta. Só não teria ao lado quem me ensinou a voar.
Dez minutos passaram e entramos todos. Já não estava lá dentro sozinho. O clima do lugar era um pouco instigante e um bocado assustador; inesperado e excitante; um pouco disso e outro daquilo.
Ao meu lado tinha um par de olhos que olhavam (me desculpem o pleonasmo, mas este foi o melhor verbo que achei) para o céu que recebia a projeção de fragmentos de significados. Sempre acompanhados com algum som que casava com a imagem.
No inicio eram fragmentos de inicio de universos... brilhos, luz, explosão, estrelas, planetas...uma concha de retalhos da existência. Depois elementos, fogo, água, vento, nuvem...depois matéria viva, seres microscópios, células, bactérias...dois corpos, barrigas, braços, nucas...em seguida a junção de tudo isso. Corpos, luz, calor, frio, braço, sexo, seios, cabeça, lua, nuvens, estrelas. Em meio a uma profusão de sentidos e estilhaços de significados, que mais pareciam fragmentes de um espelho partido em milhões de constelações, o brilho das imagens refletidas em seus olhos me fazia mais sentido. Eu quase cheguei a entender para poder explicar o que eu havia visto naquele dia. E talvez, sem pretensão alguma, fosse compreendido se dissesse: “...amanhecer, sol, lua, mar...terra...”  e concordasse com a opinião ouvida anteriormente de que a exposição é muito boa.


Obs.: Alguns dizem que a arte imita a vida outros que a vida imita a arte. Eu digo que os dois são um só.

A exposição chama-se Roteiro Amarrado, uma retrospectiva do vídeo artista Eder Santos. E acontece até o dia 11 de Abril no CCBB do Rio de Janeiro. 

 
Maiores informações no site do CCBB:

http://www.bb.com.br/portalbb/home22,128,10151,0,0,1,1.bb?&codigoMenu=9887



Nenhum comentário: