Páginas

Mostrando postagens com marcador sonho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador sonho. Mostrar todas as postagens

domingo, 10 de janeiro de 2010

Parassíntese de um dia en|solarado






“A poesia tem a capacidade de transformar a experiência humana e cotidiana em algo universal.”
Jean Maciel




    O fim de tarde daquele sábado estava in|suporta|vel|mente quente. Em meio a uma multidão de prefixações, sufixações, derivações e parassínteses, que latejavam em minha mente, estava, no fim da avenida, a sua condução. Ela estava partindo do ponto sem você. E como um lampejo do contraditório passou pelo campo neuro-lexico, o neologismo de “partirficando” de/com sua companhia. Embora o corpo corresse na ânsia de alcançar o coletivo. Parte minha queria que o condut|or não tivesse me visto. Corri com a contradição de chegar ou quem sabe encontrar uma pedrinha ou uma casca de banana que me impedisse de chegar ao meu objetivo final de parar a maquina que iria me privar de estar com você um pouco mais. Pensei dentro do meu querer, seria um tombo re|compess|a|dor, pois como premio, teria mais alguns minutos em sua companhia. Porém o tempo quente e a distancia de sua casa não eram nenhum pouco re|confortant|e|s para você. Antes de mim (desejo), você (bem estar).
   Corri o máximo que pude, sem tropeçar, e parei a sua carruagem de 47 lugares e com ar condicionado...
   Algumas coisas na vida, mesmo boas, deverem durar o tempo que precisam.   Naquela tarde sua companhia foi a passageira.
Aquele arrepio do espirro, um cafuné, o pulo corajoso de um trampolim, o abraço de um amigo saudoso, um beijo apaixonado ou a alegria de ver o seu nome escrito no jornal na seção aprovado no concurso devem durar o tempo que merecerem. Nem mais, nem menos. Apenas o tempo em que são vividos.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Lopes: o palhaço mais triste do Circo Encantado


Lopes puxa o seu burro-sem-rabo durante a madrugada. O silêncio intercalado pelos ruídos dos carros se misturam e invadem a sua mente.

Olha nas ruas e percebe os moradores de ruas, alguns são amigos seus. A rua é fria nestas manhãs. O frio galopa por suas pernas e segue em direção a sua coluna se perdendo num suspiro de saudades de não sabe o que.

Encosta a carrocinha na calça, senta-se no chão e, de súbito, lembra o seu tempo de criança no interior de Pernambuco.

Família humilde, 12 irmãos dos quais 4 não vingaram, morreram ainda anjinhos. O que o pai tinha de rude e áspero a mãe tinha de doce e compreensiva.

Aos 12 anos falou para o pai que tinha o sonho ser ator e escritor. Tão rápido desfez o sonho quanto ganhou o tapa que no rosto.

“ – Filho meu tem quer ser homem. E trabalhar trabalho de homem. Estudar e ser ator são pra filho de Doutor. Vai já pra roça e traga o nosso sustento e deixa de bobeira!”

E Lopes foi...carregando a fúria em seu peito de não saber por que tinha levado uma tapa. Foi trabalhar no roçado. Trabalhou tanto que as suas mãos se fizeram carne viva. Mas o ódio que sentiu com a atitude do pai adormeceu as suas mãos. E dormente ficou o seu coração. Naquele dia trabalhou ate que o sangue pintasse o cambo da enxada. E trabalhou ate os machucados virassem calos e os calos tornassem a sangrar. E assim se seguiram os dias.

Tamanha eram a raiva e a tristeza de Lopes que nem o carinho da mãe o curava do que estava sentimento.

E os anos passaram...quatro invernos de trabalho forçado. Sempre prisioneiro de um mundo que não era o seu. Sozinho arou todo o terreno, pintou a casa, fez toda a cerca e cavou o posso. Cheio de palavras sufocas estava o seu pequeno caderninho que guardava a sete chaves.

Para sua sorte ou azar apareceu um circo mambembe na cidadezinha onde morava. Foi quando conheceu Adriana. Ajudante de mágico e trapezista. Só a viu uma vez. Mas foi o suficiente para ele largar tudo e ir atrás do circo.